quarta-feira, 9 de setembro de 2009

Feira do livro e/ou semana literária

,Esta semana (08 a 12 de setembro) está sendo de extrema correria para mim devido às atividades da feira do livro em um dos colégios que trabalho, o La Salle Carmo. Questiono então: para você, o que é uma feira do livro?

Há quem diga que Feira do Livro são poucos dias ou uma semana em que livreiros se reúnem com um único objetivo - a venda de livros. Pensamentos são pensamentos e estes podem ser certos ou errados, dependendo do ponto de vista. Creio que a feira do livro é um evento em que a promoção literária é evidenciada a partir dos autores que ali foram convidados para participar, no caso de colégio, de um projeto pedagógico.

A feira do livro deve sim vender títulos e possibilitar o acesso de obras novas e antigas de autores renomados ou jovens autores. Mas a atração é o livro atuando como um protagonista, os autores acabam tornando-se protagonistas quando expõem suas obras recém-lançadas. Neste caso então, a escrita transforma-se numa literatura em que a leitura possibilita diversas concepções através das diferentes leituras - imagens, textos, etc. É a partir daí que falarei sobre o evento que está ocorrendo durante essa semana com pessoas de renome da Literatura Gaúcha e Nacional.



No dia de ontem, contamos com a presença da autora Sandra Zeni Carli (O baú da Senhora Dona Cândida e O velho e o pássaro) e sua contadora de histórias Jane. Os livros foram trabalhados com a educação infantil (creches e prés) e 1ºs anos. Para que não conhece as duas obras, a primeira trata valores de maneira singela e o outro a questão ambiental. Com uma leitura fácil, as palavras se misturam com imagens encantadoras que mexem com o lúdico da criança. Resolvi então entrevistar a autora para conhecer um pouco mais sobre a vida dela

Clarissa - Conte-me como e quando você começou a escrever e qual a importância da leitura na sua vida?
Sandra - Ao meu ver, a leitura é uma jóia preciosa. Minha família é de origem humilde, mas na minha casa haviam livros espalhados em estantes. Meu pai era muito inteligente. Gostava muito de ler, especialmente uma coleção de livros capa verde-musgo em que diversos assuntos eram abordados. O zelo era tanto que cada história que ele contava, me permitia imaginar o colorido nas ilustrações em preto-e-branco. O trabalho em biblioteca durante algum tempo, também fez com que me aproximasse de obras as quais gostava e o fato de ser assessora de comunicação - elaborando jornais do colégio - despertaram ainda mais o gosto não somente da leitura como da escrita.

Clarissa - O livro o "O baú de D. Cândida" é um reflexo do imaginário que existe em cada um de nós. Como fazer com que um sonho não fique em um baú?
Sandra - Os sonhos precisam ser sonhados. Quando a criança lê, além de interagir, ela se torna um personagem da história por compartilhar aquele sentimento. Penso que o primeiro passo é acreditar nos sonhos, nas pessoas próximas. Sonhar é se permitir e se dar o direito de sonhar, acreditar e aprender com a caminhada.

Clarissa - Como despertar a D. Cândida que existe em nós?
Sandra - A literatura abre portas como leitor, como ouvinte, permitindo ir além com a imaginação. A literatura transforma, mexe com o lúdico. Dona Cândida tem o dom das palavras e das histórias que sabe contar para as crianças, pois ela sabe comover, instigar, fascinar, alterar os sentidos. A literatura que ela conta é com o coração, sem cobranças. Tudo na vida é transformação. Por isso que compartilho com D. Cândida que a literatura é de dentro pra fora.

Clarissa - Qual o significado da contação de histórias na sua vida e o que ela pode despertar em cada criança?
Sandra - A leitura é um ato individual. Quando existe uma pessoa que conta uma história, essa história toca de um jeito diferente pelo fato de haver entonação, interação e a criação do psique de um personagem. Com isso a criança se permite entrar na história de um jeito diferente, porque permite à criança perceber outras possibilidades da mesma história. O poder da literatura é que em cada fase da vida os momentos vividos são diferentes e as leituras, consequentemente, também.

Clarissa - Qual a melhor maneira de despertar as crianças para a leitura? Você acha que a internet seria uma vilã ou uma aliada à esta prática?
Sandra - Para despertar a leitura é imprescindível que haja livros e histórias de qualidade e que isso seja oferecido à elas. É importante dar oportunidade de leitura para a criança. É o conjunto que influencia. Quando era criança, tinha uma professora-irmã Maria Angela que sempre tinha em suas mãos um livro diferente. Ela usava o hábito preto e sempre quando eu a via sempre ia em sua direção perguntar que livro era aquele que ela estava lendo. A professora-irmã sempre me contava uma história diferente o qual prendia minha atenção e eu sempre me encantava com elas. Depois de um tempo, descobri que as histórias não existiam. Eram apenas histórias que eram tiradas da cabeça dela, pois os livros eram técnicos da área dela. Por isso que penso que a leitura é uma oportunidade. Temos que dar atenção aquele leitor em potencial. Penso que a internet é uma aliada, mas todo excesso é ruim. Para usar a internet temos que saber pesquisar quais sites são confiáveis, mas o ato de manusear um livro é insubstituível.

Após o término da entrevista, ainda bati um papo com ela. Uma pessoa simples e uma literatura que me fez viajar ao meu pensamento de criança.

No mesmo dia, recebemos no auditório do colégio, onde estava acontecendo a feira dois autores que estão lançando seus primeiros livros de contos, crônicas e poesias. o Glaucir Borges (Moinhos e Ilusões) e Adão Oliveira (Viagem ao interior do ser) onde rolou um bate-papo literário intitulado de Leitura como busca informação (qualificada) mediado pelo meu colega Gilmar Ferreira e por mim.

A abertura se deu com início da fala do Diretor Irmão Olir Facchinello abordando a importância da leitura na vida de cada um. Agradeceu também a vinda dos autores na feira do colégio.

Logo em seguida, Glaucir comenta sua obra Moinhos e Ilusões onde aborda aspectos importantes da leitura e as influências a partir das diversas realidades de cada local em que viajou. Por que no Brasil se lê menos em comparação aos outros países da América Latina?

Adão, que também é comunicador da Rádio São Francisco AM, explana a sua obra Viagem ao interior do ser (com lançamento no dia 25 de setembro), conta como se descobriu leitor, mas complementa que todos nós nascemos leitor. Adinal, quem nunca escreveu um bilhete de amor quando criança?

Gilmar coloca que a busca da informação é um processo constante de pesquisa e que esta deve ser qualidicada. Então, como o livro pode trabalhar a informação?

A professora de português Marize, coloca que somos capazes de escrever bem a partir do momento em que leio. Se queremos escrever bem poesia, devemos ler bastante livros de poesia.

Que autores influenciaram a escrita?

Glaucir - Bandas de música reveladoras de sentido. A música por si só já é poesia. Na literatura, gosto de Franz Kafka, Vitor Ramíl (que escreveu SATOLEP), García Marquez, etc.
Adão - Por ser uma pessoa romântica, sempre gostei de músicas que falem sobre o amor e livros de reflexão. E as próprias dificuldades da vida nos faz refletir sobre algumas questões. Ler traz novas expectativas e nos transforma. O processo de leitura começa na infância com a interpretação de imagens em livros. E a informação qualificada esta no livro. Tempos atrás, a pesquisa demorava dias para ser concluída. A questão da internet facilita, mas não é aquela pesquisa profunda. É um corta e cola.
Glaucir - o livro agrega valor à informação.
Gilmar - As pesquisas feitas através da internet devem servir como base para refletir sobre um tema e construir ideias a partir do que foi lido.
Glaucir - O que sempre colaborou para uma informação completa é a pesquisa que é feita através do Bibliotecário (bacharel em bibliotecononia) que domina as ferramentas de busca. E pede para a Clarissa falar um pouco desse processo.
Após relatado como se inicia o processo de recuperação da informação, a aluna ~Thaís Gazolla, da turma 62, explica a sua experiência como leitora e o que a faz buscar na leitura a vontade de aperfeiçoar o seu lado escritora.

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