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sábado, 8 de maio de 2010

Novas linguagens, novos leitores

Ano passado participei do PROLER em que o tema era "Novas linguagens, novos leitores" na cidade de Caxias do Sul, onde vivo atualmente. Embora o evento tenha acorrido em 2 dias, penso que todo profissional envolvido com leituras e afins, deveria ir a este seminário.

Sou amante de ilustrações dos livros infantis e dos nossos ilustradores brasileiros que possuem grande expressão ao agregar na história textual, as imagens que conversam entre si e nos dão outros significados ao mesmo texto. Porém, acho uma pena que a leitura visual dos livros seja dificilmente interpretado por crianças e até mesmo, adultos.. pela falta de estudos dessa área. Quando se fala em leitura, associam somente o texto como forma construtiva de alfabetização, mas esquecem que a imagem também é de extrema importância para que os leitores não se tornem analfabetos visuais.

Isso foi um pouco do que o Roger Mello disse na palestra de abertura - onde também fazia parte da mesa a Beth Serra da FNLIJ - e foi o que o André Neves também disse para mim, quando tive contato com ele na feira do livro que promovi em um dos colégios em que atuo.

Fora isso a abertura do seminário foi maravilhoso quando colocaram um áudio com ilustrações do livro de Bartolomeu Campos de Queiróz com o livro Tempo de Voo - o meu favorito. É uma obra rica com ilustrações maravilhosas e extremamente filosófico. Nos transporta a nossa infância e nos faz refletir o que nós deveríamos considerar de valioso quando se trata do tempo das coisas e do nosso próprio tempo.

No dia seguinte, participei de duas oficinas muito legais: Histórias em Quadrinhos, com Fábio Zimbres (PoA) e Rodas de Leitura: o que são, de onde vieram, para onde vão?, com Suzana Vargas (RJ) - também responsável pela Estação das Letras, situada no Rio de Janeiro.

Na primeira oficnia, Fábio Zimbres mostrou alguns nomes de ilustradores importantes e das características principais que cada um deles possui. Nos ensinou também a criar um fanzine, como forma de comunicação com públicos diferenciados fazendo com que isso seja uma das maneiras mais divertidas de se promover a leitura. Pena que não sei desenhar....

Na segunda oficina, Suzana Vargas nos mostrou o objetivo das Rodas de Leituras como forma de promover a leitura, somente lendo. É..soa meio estranho falar assim, mas o ler é algo que não está muito em alta quando se pede para que alguém leia um texto em voz alta. São práticas interessantes e que dão certo, mas infelizmente, em alguns casos.. não se há muito apoio quando se fala em colocar na prática...

No mais, se alguém quiser trocar ideias comigo, mande e-mail para clarissapd@gmail.com

segunda-feira, 15 de março de 2010

Entrevista com Ziraldo


No dia 19 de setembro de 2009, o Ziraldo visitou o Colégio La Salle Carmo - um dos que trabalho - para o lançamento do Gibi da Turma no portal educacional. Como não estava no colégio neste dia, me informei para que pudesse ir ao encontro dele na maior cara de pau.

[Um tempo se passou...]

Enquanto aguardava o Ziraldo no hall do hotel em que ele estava hospedado, a imaginação rondava a minha cabeça. Era um momento mágico. Não podia deixar escapar a oportunidade de conhecer e entrevistar um dos maiores autores/desenhistas de todos os tempos. O nervosismo era notável. Coração acelerado, mãos suadas, pernas trêmulas e ansiedade, muita ansiedade.

Rolim , Joelho Juvenal, Bichinho da maçã, claro... o Menino Maluquinho... todos livros que eu li quando criança, que eu cataloguei na biblioteca, que eu indiquei e emprestei para alguns alunos e que depois de lidos, compartilhavam comigo aquela leitura. Comecei a pensar nessas questões e me emocionei de tal maneira que nunca havia me emocionando com qualquer outro autor...

Enfim, chega de chororo e vamos a entrevista com o nosso queridíssimo Ziraldo.

Clarissa - Conte-me como a ilustração surgiu na sua vida?
Ziraldo - Comecei a desenhar aos três anos de idade. Primeiro rabiscava casinhas, mas tinha muita obsessão pela arte. Tinha o dom e desenhava o dia inteiro. Tinha mania de desenhar no chão, de usar os papeis de embrulho que entravam em casa. Um dia, havia desenhado um tatu e meu pai enviou para a Folha de Minas e foi a partir daí que eu passei a me comprometer com o desenho.

Clarissa - Como se deu a criação do jornal O Pasquim?
Ziraldo - Fundado inicialmente por Jaguar, Tarso de Castro e Sérgio Cabral, O Pasquim era um jornal de protesto para que nós pudéssemos expor a nossa indignação e insatisfação com os acontecimentos políticos da época, a ditadura militar. O jornal era irreverente, com uma pitada de humor. Tratava questões comportamentais, mas foi se tornando mais politizado à medida em que aumentava a repressão no AI-5. Os censores impunham vários cortes aos textos e às sátiras humorísticas, mas sempre havia um jeito de burlarmos a censura.

Clarissa - E a revista Bundas?
Ziraldo - Um vez estava passando por uma banca de jornal e, de repente, vi um homem com uma cara ingênua, de frente para várias revistas de bunda (playboy, etc), perguntar ao jornaleiro se tinha caras. Achei muito curioso esse fato e refleti sobre o assunto. Então, a Bundas era uma paródia à revista Caras. "Quem mostra a bunda em Caras não mostra a cara em Bundas".

Clarissa - Dentre todas as suas habilidades qual você curte mais: caricatura, hq, etc?
Ziraldo - Eu adoro o desenho em geral, mas as HQ's (histórias em quadrinhos) são transformadoras por permitirem a leitura de uma maneira diferente, dinâmica. As HQ's são mais participativas por ser quadro-a-quadro, diferententemente do teatro, cinema e até mesmo, da própria prosa, uma vez que essas artes não mexem com a imaginação já que elas acontecem e mostram a cena como ela é. Infelizmente, no meu tempo de criança as HQ's não eram recomendadas pelos padres por ser consideradas pecados, passando a ser mais aceito ao se tornar cultura de massa. As HQ's variam de lugar para lugar. Na França são lidas mais pelo público adulto. No Brasil, as HQ's são destinadas mais ao público infantil por serem mais ingênuas e haver mais sucesso.

Como não tive muito tempo com o autor, que cedeu um pouco dele para me atender, ainda questionei sobre o que ele achou sobre o filme "O Menino Maluquinho" e ele disse que a edição seguiu fielmente a escrita do livro. Foi muito gostoso o trabalho no cinema e que o propósito de falar de uma criança feliz que era um cara legal.

E ele finalizou o nosso momento perguntando qual era a obra que eu mais gostava e eu disse o corpim, pelo fato de achar legal um joelho conversar com o outro, um umbingo, os dedinhos, enfim... marcou minha infância e, com certeza, marcará a de muitas crianças. Além do Menino Maluquinho,... que eu ganhei no final desse bate-papo.



Finalizo o post com essa indicação de leitura do Audálio Dantas, com a coleção a infância de... vale a pena!

terça-feira, 10 de novembro de 2009

Entrevista com o autor André Neves


André Neves e eu no Quiosque da Biblioteca, na Feira do Livro do Colégio La Salle Carmo


Nascido em Recife e radicado em Porto Alegre, André Neves se destaca não somente pelas belas poesias que compõem, mas também pelas ilustrações poéticas que despertam o imaginário de crianças e adultos. Suas imagens são peculiares e as técnicas aplicadas são as mais variadas criando assim o perfil desse fabuloso artista. Não foi à toa que a feira do livro do Colégio La Salle Carmo teve o prazer de trazer e compartilhar momentos de integração com os alunos, além de confabular as diversas imagens estilizadas por ele.
Aproveitando o momento, tive o prazer de trocar poucas e intensas figurinhas sobre sua vida profissional. Confira abaixo a entrevista:

Clarissa - Numa entrevista você disse que reencontrou a literatura quando estagiou no Espaço Pasárgada. Como você foi despertado para escrever a literatura infanto-juvenil?

André Neves - Sempre gostei muito de ler, mas foi no último período da faculdade de Relações Públicas que comecei a ter um contato maior com a literatura, principalmente com a poesia. Todos que frequentavam o Espaço eram poetas ou tinham algum vínculo com a poesia. Eu cuidava dessa parte de lançamento de obras de literatura infantil e infanto-juvenil e trocava muitas informações com os autores. Como lia bastante e gostava de desenhar, através de um desses contatos, que acabei ilustrando um livro que foi lançado pela Edições Bagaço, que trata da regionalidade do sertão pernambucano. E foi assim que me lancei ao mundo da literatura infanto-juvenil desenhada.

Clarissa - As ideias surgem para você a partir de um desenho ou a partir do texto que você escreveu?

André Neves - A ideia vem a partir do desenho e aos poucos vou construindo a história de acordo com os traços ilustrados. O resultado é finalizado após perceber que aquela imagem e o texto estão ligados direta ou indiretamente. Às vezes, o desenho antecipa os fatos como pode complementar o que está dito entrelinhas. Posso ler somente o texto, mas quando eu leio a ilustração percebo que há um outro tipo de leitura que compõem uma versão complementar da história. Os ilustradores são leitores que sempre buscam um melhor resultado. E hoje, o parque gráfico é um grande aliado dos ilustradores permitindo arriscar novas técnicas tornando o livro infantil um grande atrativo para os diversos públicos que leem este tipo de literatura.

Clarissa - Qual a sua relação com o personagem nesse processo de criação? Como você consegue dar vida a ele? Em cada personagem existe um reflexo do seu interior? Ou somente nos textos há esse reflexo?

André Neves - Em cada personagem existe um reflexo de forma ficcional e da fantasia em que me relaciono com eles. No fundo, em cada um deles existe uma passagem ou alguma lembrança de algum fato marcante da minha vida, em especial, da minha infância.

Clarissa - O livro "Menino chuva na rua do sol" foi inspirado na sua infância. Que significado a chuva tem na sua vida?

André Neves - Recife é uma cidade muito quente e que dificilmente chove. Durante meses a chuva demorava a cair na cidade e quando era criança sentia muita falta da chuva. E quando não temos algo que gostamos sentimos mais vontade de sentir os pingos de água baterem na pele. A chuva tem um significado muito forte na minha vida por achar que somente ela pode nos limpar.

Clarissa - Você acha que a poesia é capaz de mudar a vida de uma pessoa, assim como mudou a de Seu Ananias, em "A caligrafia de D. Sofia"?

André Neves - A poesia é capaz de mudar porque toca a alma e o imaginário. Nos traz liberdade, nos emociona, nos faz refletir... nos transforma. Eu gosto muito desse livro, pois a maior inspiração que tive foi da Badida, uma professora de pintura, que amava poesias. Ela respirava, transpirava poesias e por toda a parede da casa dela havia poesias dos diversos nomes da literatura. E o interessante é que nessa obra, todas as poesias que ali fazem parte da casa de D. Sofia foram cedidas por amigos-poetas que fizeram e fazem parte da minha vida.

Infelizmente, ainda ficaram algumas questões, mas o tempo era muito curto, mas quem sabe numa próxima oportunidade eu as faço. Para quem quiser alguma sugestão de leitura, vale a pena ler "A caligrafia de D. Sofia", "Menino chuva na rua do sol", "Maria Peçonha", etc.